segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Como é o Recife que o recifense quer?


O Recifense, o jornal do Recife, saiu às ruas para perguntar à população: como é o Recife que você quer? Foram realizadas 26 entrevistas com cidadãos de ambos os sexos, de várias idades e ocupações diversas para descobrir como é o Recife que o recifense quer. Acompanhe as respostas nesta reportagem exclusiva.
Ana Rique – Psicóloga e psicoterapeuta e atua em uma consultoria empresarial.
“Quando falamos do Recife que eu quero, que acredito que também seja o Recife que você deseja, que nós desejamos é o Recife sem violência, limpo, ético, educado, é o Recife onde as pessoas que aqui moram estejam bem e felizes e, principalmente, as pessoas que aqui chegam se sintam bem e levem uma boa impressão do Recife. Mas para isso, cada um de nós precisa fazer a sua parte, não ficarmos apenas na dependência de órgãos diversos, mas quando falamos de um Recife melhor, também falamos de uma pessoa melhor. A cidade é reflexo de quem mora nela. E então se você deseja um Recife melhor, como é o Recife que eu quero, você precisa fazer a sua parte, como eu estou fazendo, limpando, tendo cuidado no trânsito, respeitando as pessoas, cuidando dos idosos, respeitando a natureza, sendo ética de maneira ampla, agindo como cidadã. Então, o Recife que eu quero, ele não pode esperar pelo outro, eu preciso fazer a minha parte. Eu espero que você também faça a sua parte e tenhamos um Recife melhor, para que todo mundo aqui seja mais feliz, com Copa ou sem Copa, mas que estejamos bem no nosso Recife.”
Artur Carrilho – Estudante do 3º ano do Ensino Fundamental.
“Eu queria que o meu Recife fosse sem tantos políticos corruptos e que as pessoas pudessem reciclar o lixo ao invés de simplesmente jogar no mar e nos rios, que estão cada vez mais poluídos, e, também, mais educação.”
Carlos Costa - Integrante da Três Caras Computação Gráfica.
“O Recife que eu quero é um Recife mais humano, com pessoas mais humildes. Um Recife mais organizado, que melhore esse trânsito e que os políticos realmente defendam os interesses das pessoas que votaram neles.”
Daniel França – Jornalista.
“O Recife que eu quero é um Recife com o trânsito melhor. Está cada vez mais insuportável transitar pelo Recife e Região Metropolitana. Não tem mais dia, mais horário, nem mais local. Em todo lugar que você vai você encontra uma quantidade de motos e carros impressionante. Então, meu apelo ao poder público é que se invista em transporte público. Não adianta alargar via, que enquanto essa quantidade de carro absurda estiver nas ruas da Região Metropolitana e da nossa capital, o problema do trânsito não será resolvido, na minha opinião, com viaduto, com qualquer outra intervenção nas vias. O que resolve, na minha opinião pessoal, é retirar essa quantidade absurda de carros das ruas. Vamos fazer isso, investindo em transporte público de qualidade, ônibus de qualidade e, o sonho de qualquer pessoa que mora em grandes metrópoles, um metrô de qualidade.”
Dilson Peixoto - Ex-Presidente da Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal.
“Bom, o Recife que eu quero, tenho certeza que é o que a grande maioria da cidade quer, É a cidade que hoje vive numa efervescência muito grande por conta dos grande investimento que estão sendo feitos em Pernambuco e que tem um futuro bastante brilhante pela frente. Ela precisa estar à altura disso. Para isso, tem que resolver a crise da mobilidade. Não há como se imaginar uma cidade onde as pessoas não podem circular, ir ao lazer, aproveitar a cena cultural, ir à praia, sem que a mobilidade esteja resolvida. Para isso, não tem outra fórmula a não ser um forte investimento no transporte público, garantindo que as pessoas se locomovam da maneira como o mundo moderno faz hoje, utilizando o transporte público e deixando seu veículo apenas para o lazer. Para isso, precisa de investimento forte, soma de esforços. Esse não é um problema exclusivo do Recife, mas Recife pela sua característica geográfica vive esse drama cada dia mais fortemente. Então, portanto, precisa se resolver, ou pelo menos, apontar soluções claras em relação a isso, para que a gente tenha, em pouco tempo, o Recife que todos nós queremos.”
Dora Santana - Licenciada em Letras com especialização em Metodologia.
“O Recife que eu quero é o Recife menos violento, com mais qualidade de vida e com mais respeito ao ser humano.”

Eduardo Abrantes – Empresário.
“O Recife que eu quero é o Recife com segurança, limpo e muito frevo, que é a alegria do nosso Recife.”


Eduardo Losada - Estudante de Jornalismo.
“O Recife que eu quero é um Recife com mais acesso aos deficientes. A nossa cidade não está preparada para a locomoção dos deficientes. Nossas calçadas são cheias de buracos e isso dificulta deficientes com suas cadeiras de rodas, muletas e, também os cegos, que usam a varinha como guia. Também, queria um Recife com as paradas de ônibus mais fáceis para os deficientes. As paradas são muito ruins para eles. Tem que fazer novos terminais porque os ônibus ficam parados colados ao terminal e a porta só abre quando os deficientes entram tranquilamente e sozinhos no ônibus.”
Fernando Castim – Professor de Letras da Universidade Católica de Pernambuco.
“O Recife que eu quero é o Recife mais humano, mais limpo, um Recife em que as autoridades vejam o pobre com mais piedade, com mais dedicação. O Recife é muito bonito para ser tão maltratado como está ultimamente. É preciso que os governantes, as pessoas responsáveis, vejam o Recife, olhem o Recife, vejam melhor essa cidade belíssima, essa cidade de pontes, de grande edifícios, que não fica a dever praticamente quase nada a ninguém.”


Grabriela Almeida – Estudante de Jornalismo.
“O Recife que eu quero é um Recife mais limpo, tanto fora, quanto dentro da assembleia.”


Giovanni Papaleo – Funcionário do Metrô do Recife, produtor musical e baterista da Uptown Band.
“O Recife que eu quero é um Recife que além de valorizar a sua cultura popular que, também, esteja conectado com o mundo, que não perca o bonde da história e que consiga levar a nossa cultura, a nossa música, a nossa arte em geral para todos os cantos do planeta.”
Hercílio Maciel – Ex-Coordenador de Gestão Estratégica da Prefeitura do Recife.
“O Recife que eu quero é um Recife mais igual. O Recife é marcado por uma desigualdade social muito grande, que reflete territorialmente. A ideia é que a gente possa ter uma cidade que todos nós possamos conviver com dignidade e espaço do território que as pessoas tenham acesso a todos os bens a que têm direito: educação, a saúde, a moradia digna e que a gente possa ter uma cidade mais igualitária, mais fraterna, em que a gente possa manter, não só, o calor do sol, mas o calor humano, que sempre nos relacionou e que conta a nossa história.”
José Arlindo Soares – Sociólogo, professor universitário e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro.
“O Recife que eu quero, que eu almejo, é uma cidade que desenvolva um processo de políticas públicas capaz de diminuir as desigualdades sociais, através de uma reconversão social da qualidade das políticas públicas. Hoje não basta mais você incluir as pessoas nos chamados mínimos sociais, por exemplo, matricular todos na escola, é preciso matriculá-los em escolas que dê condições deles competirem, deles se tornarem agentes ativos do desenvolvimento. Do contrário, nós estamos enxugando gelo. Poderíamos citar outros desejos em relação ao Recife, que é o ordenamento urbano, a ordem urbana, que vai desde a calçada à segurança cidadã. Mas, se fosse para dizer uma prioridade, eu diria: inverter e transformar o processo de educação, começando pelas creches. Recife tem hoje 76 mil crianças com idade de zero a três anos, destas nem 20% são atendidas em creches. Então, nós devemos chegar para ter uma cidade saudável em 2020, que pelo menos 50% das crianças de zero a três anos estejam em creches, porque hoje é provado que isto possibilita um processo de cognição e estabilidade futura para essas crianças. A cidade precisa ter entre os alunos de quatro a 14 anos, cerca de 95 mil crianças, do ensino pré-escolar e o primeiro grau (Ensino Fundamental), pelo menos a metade disso em colégios de dedicação exclusiva, com laboratórios, salas climatizadas, em que a criança entra às 7 horas e saia às 17 horas, com professores com dedicação exclusiva. Por que isso? Porque isso é imprescindível para o mundo contemporâneo e competitivo. Segunda razão, nenhum país do mundo deu um salto de qualidade sem envolver todas as suas crianças e jovens no ensino integral, isso foi na Europa em 1946 e, recentemente, na Coreia. Então, país que quer ser a sétima potência do mundo, ele tem que ser também a sétima potência em coesão social. Para a faixa dos jovens é preciso duas coisas, para uma cidade ser saudável, primeiro um programa de prevenção à violência. A prefeitura tem que assumir seu protagonismo social, que o mundo todo está assumindo. Aonde deu certo o combate a violência, teve que envolver as três instâncias, município, estado e união, com ampla capacitação profissional, com centros multiculturais nos bairros, bibliotecas de alto nível nos bairros. Se você visita Bogotá, você vê porque houve aquela queda muito forte em 10 anos da violência urbana, porque eles ocuparam socialmente os bairros. Eu desejo uma cidade onde os bairros sejam ocupados socialmente e não ocupados pela marginalidade. Então o foco é uma educação de qualidade, prevenção à violência e política para a juventude. Então, a educação iria do berço, até os 18 anos. Eu estou projetando a cidade para 2020, para fugir da questão do calendário eleitoral.”


Kássia Abrantes – Empresária.
“O Recife que eu quero é um Recife com segurança, limpo, com educação e que a gente possa trafegar, porque se não, nada acontece. O trânsito do Recife precisa melhorar muito para que a gente possa realmente viver a vida do Recife.”
Lina Medeiros – Aposentada.
“É um Recife limpo, em que possamos sair de casa seguros. Uma cidade organizada e que possamos ter orgulho de onde moramos.”


Luiz Flausino – Biólogo.
“O Recife que eu quero é um Recife que leve em conta as demandas da população, que lembre o quanto os recursos naturais são importantes para o desenvolvimento da cidade e que, além desses recursos naturais, essas áreas verdes, existem pessoas que vivem ao redor dessas áreas e que elas precisam ter suas demandas atendidas, elas precisam poder usar os recursos de uma forma sustentável. Acho que o Recife precisa muito de tecnologia e tecnologia acessível a todos, para que todos possam ter espaço para que possam estar, como eu hoje, falando do Recife que cada um deles deseja, para que as pessoas saibam mais e mais como fazer uma cidade melhor para todos.”
Milton Carvalho – Publicitário.
“O Recife que eu quero é um Recife mais limpo, mais acessível, onde todas as pessoas tenham o direito de transitar e trafegar. Um Recife mais seguro, onde as pessoas não tenham a preocupação de andar na rua sem sofrer qualquer tipo de violência. Enfim, eu quero um Recife mais de todos, um Recife que possa nos abraçar.”
Mônica Antunes Melo - Pedagoga e diretora do Instituto Capibaribe.
“É um Recife mais voltado para a qualidade de vida das pessoas. Uma cidade com menos miséria, mais limpa, mais bonita, onde a pessoa seja o objeto principal e a preocupação principal dos gestores.”
Pedro Henrique Braga Reinaldo Alves – Advogado, procurador do Estado e conselheiro federal da OAB.
“Para falar do Recife que eu quero, eu separo o Recife dos meus sonhos do Recife que eu acho que é possível, o Recife que a gente aspira a curto e médio prazo. O dos sonhos envolve justiça social, equilíbrio ecológico e ambiental, exploração dos nossos melhores potenciais, nosso Rio Capibaribe, nossos centros históricos, nossos prédios históricos recuperados e uma harmonia que só a longo prazo a gente almeja ver. Mas acredito que a curto e médio prazo tenhamos, sim, condições de ter um Recife com maior mobilidade, acho que é o que o recifense tem se ressentido mais é de mobilidade, um investimento mais consistente em um transporte urbano de qualidade, com segurança, investimento nas vias de acesso, no disciplinamento das vias urbanas para que possamos circular na nossa cidade com agilidade que a vida cotidiana, moderna, exige da gente. Eu acho que hoje a palavra de ordem é mobilidade para o recifense que vem se ressentindo no trânsito caótico que nossa cidade impõe diuturnamente à gente. Acredito no potencial do nosso rio também. Esse é o Recife que eu aspiro a curto e médio prazo, sem perder de vista o nosso sonho de um Recife mais justo socialmente, mais equilibrado do ponto de vista socioambiental e socioeconômico também.”
Raul Henry – Deputado Federal pelo PMDB de Pernambuco.
“É um Recife que possa enfrentar melhor os problemas da sua população, que possa oferecer creche para as crianças na primeira infância, que possa oferecer uma educação fundamental de qualidade, para que as crianças se alfabetizem no tempo correto, uma cidade que possa oferecer oportunidades para a sua juventude, já que nós temos aqui um enorme índice de assassinato entre jovens. Uma cidade que possa enfrentar esse problema contemporâneo do trânsito que afeta hoje as grandes cidades do Brasil, enfim, uma cidade que possa encontrar soluções que atendam a toda sua população, uma cidade que possa ter uma vida melhor para todos, uma cidade mais justa, uma cidade mais inclusiva, uma cidade que incorpore o crescimento econômico à transformação real da vida das pessoas.”
Roberto Ferraz Even – Porteiro de edifício no Bairro das Graças.
“É o Recife sem trânsito, sem engarrafamento, onde apenas um jogo de futebol no Náutico, não tumultue o trânsito, como aconteceu recentemente. O Recife que eu estou querendo é esse aí.”
Ronaldo Monteiro dos Santos – Pintor profissional.
“O Recife que eu quero é com saúde, paz, tranquilidade para todos. Eu quero que o Recife seja maravilhoso, um Recife excelente, que o que tá faltando para gente é saúde, policiamento nas ruas, paz e tranquilidade.”
Roseane Izaquiel Cândido – Diarista.
“O Recife que eu quero é com transporte melhor, saúde, que está muito precária, e com segurança nas ruas. Esse é o Recife que eu quero.”

Samir Abou Hana – “O secretário da cidade”, radialista e apresentador de televisão.
“É o Recife de prosperidade, o Recife de justiça social, onde haja mobilidade, onde o trânsito ande, porque não está andando. O Recife sem violência, que aqueles que vão ficar na violência seja por uma opção deles, aí fica fácil de a gente praticar a justiça e puni-los, mas não a violência em razão da injustiça, da fome, de não ter onde morar, de não ter como viver com dignidade. Eu espero que o Recife seja uma cidade que vá prosperando e, principalmente, que as pessoas prosperem também do ponto de vista da cabeça, porque a gente para evoluir tem que evoluir através de educação. Esse é o Recife que eu espero vê-lo e vivenciá-lo nos próximos anos.”
Suzana Amorim – Estudante de História.
“É um Recife com mais abertura para os grupos culturais, com mais atividades culturais, um Recife mais voltado para o desenvolvimento da cultura afro-brasileira regional.”

Vânia Cabral – Psicóloga.
“É um Recife com mais segurança, menos trânsito e mais educação, principalmente, mais educação.”


Washington Gurgel – Jornalista, professor universitário e escritor.
“É um Recife muito simples. É um Recife sem violência, limpo e um Recife, principalmente, com muito investimento em educação. Com um povo que se preocupe com educação, porque a partir dela, obviamente, nós vamos ter um índice zero de violência e, também, uma consciência com o meio ambiente. É esse Recife que eu desejo para mim e, claro, para todos os pernambucanos.”

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