O Recife enfrenta hoje um
problema comum nas metrópoles: a morte da mobilidade universal. Dia a dia
mais automóveis engolem a cidade, comprimem as pessoas e degradam os bens
comuns. São engarrafamentos diários, acidentes constantes e cada vez mais
tempo perdido. Para todos, motoristas ou não. Quem não dirige (e quem
evita dirigir) sofre com a falta de investimentos no sistema de
transporte público, em calçadas e em uma rede cicloviária.
Os ônibus do Recife há
décadas não cumprem sua função com respeito, a usuários ou trabalhadores.
Metrô está no limite. Calçadas são estreitas, precárias ou inexistem,
faixas de pedestres não são respeitadas como antes. Ciclistas
enfrentam perigos diários num convívio mal-orientado com os automóveis. Idosos,
crianças e deficientes enfrentam inúmeros obstáculos para se deslocar.
Saldo: atrasos, prejuízos, mortes,
mutilações.
Enquanto isso, as promessas de campanha
de todas as cores não resistem a uma gestão política diária que segue
priorizando automóveis e sua gula. A lógica: duplicar vias,
construir viadutos e naturalizar as infrações de trânsito, que só
favorece o uso irracional e antissocial do carro. Prova, mais uma, de que
investir no convite aos carros é prejuízo.
A mobilidade é essencial para ir
ao trabalho, estudo, casa, lazer. Para a cidade funcionar e as pessoas
viverem. Para fazerem cultura. Para fazerem política. Para fazerem a
cidade. Nas diversas regiões administrativas, faz-se necessário um sistema
local de mobilidade urbana. Eficaz, democrático e sustentável.
É urgente investir na qualidade
de vida da população de todo o Recife: garantir um verdadeiro transporte
público, um sistema cicloviário seguro e eficiente, o acesso às pessoas
com necessidades especiais, calçamento amplo e adequado, redução de
velocidade de vias para maior segurança e racionalidade, efetiva
integração entre os transportes, redução da dependência do petróleo e, o
“Grande Tabu”: restrições ao uso do automóvel. Afinal, em que momento
aceitamos que o consumidor de carro deva se deslocar mais facilmente,
degradando as condições de vida dos demais cidadãos? A nossa
sociedade, a(s) nossa(s) cidade(s), o nosso Recife, só funcionará
se o deslocamento urbano se tornar uma ação livre e igual para
todos.
Com a Copa do Mundo grandes
investimentos serão feitos na cidade. Fala-se em legado para a cidade.
Qual será? Uma série de obras convenientes para políticos e empreiteiras (e
não para a população)? Os mesmos que aprovaram um Plano Diretor de
Transporte Urbano sem levar em conta seus usuários?
Os jornais estampam o caos que
alimentamos. Especialistas e ativistas concordam que seguimos
aprofundando a desigualdade e aniquilando a liberdade (e o prazer) de se
deslocar pela cidade. É necessário repensar o espaço urbano e as nossas
relações dentro dele. Como queremos Recife para os próximos anos e gerações?
Convocamos todas as pessoas
interessadas em repensar um Recife com igual oportunidade de mobilidade
para todas as classes e todos os meios de transporte a comporem o I Fórum de Mobilidade Urbana do Ibura/Jordão. Sua primeira reunião será no dia 15
de janeiro de 2013, na Escola Municipal Maria Sampaio de Lucena, UR-01 Cohab,
Recife/PE.
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